Sunday, April 15, 2007

Coisas boas

Hoje, vou parar um pouco de reclamar. Recentemente, também aconteceram coisas boas.

Aqui em Luanda, há uma senhora canadense chamada Henriette, que é professora de inglês e ativista cultural. Mantém um grupo chamado Angola Field Group, que reúne estrangeiros em Luanda para passeios e palestras sobre Angola. Fomos no último evento do AFG, uma visita guiada a três fortalezas antigas em Luanda: a de São Miguel, o cartão postal da cidade, a de São Pedro da Barra e uma terceira, cujo nome me escapa agora.

A visita foi organizada por um rapaz angolano, chamado Miro Napoleão, funcionário da Sonangol (a estatal angolana de petróleo), que, nas horas vagas, tenta criar a Sociedade Arqueológica Angolana para estudar e recuperar os monumentos históricos angolanos. O Miro serviu também como intérprete, traduzindo simultaneamente para o inglês as explicações do nosso guia.

O passeio foi muito legal e instrutivo. A organização foi toda muito complicada porque as fortalezas ainda são áreas militares. No caso da de São Pedro, parece que foi um Deus-nos-acuda, tiveram de pedir permissão quase até ao Ministro da Defesa. Tudo isso sem grande sentido, é claro, porque duvido que esses antigos fortes do século XVII ainda tenham alguma importância militar. É tudo paranóia de Estado stalinista e também, é claro, zêlo pela imagem das Forças Armadas: querem q a gente avise com antecedência suficiente para darem uma guaribada nas instalações e no asseio dos soldados.



Nas cervejas que se seguiram ao tour, Andreia e eu conversamos muito com o Miro e o convidamos com a namorada para um lanche aqui em casa. Nesse dia, nos convidaram para uma viagem a Lobito e Benguela no feriado da Páscoa.

A viagem foi super legal. Lobito e Benguela são cidades importantes, ficam a cerca de 500 km ao sul de Luanda. A estrada é razoável, só há um trecho de 40 km muito ruim e a gente ainda por cima o enfrentou sob chuva. Foi a Andreia q enfrentou o parada. Meteu nosso carro em cada piscina de lama! Quando a gente chegou a Lobito, ninguém dizia q nosso carro é azul.

Lobito é o principal porto depois do de Luanda. Fomos com o Miro, os pais e o irmão menor. O mais curioso é que ficamos hospedados no farol de Lobito. Farol mesmo, que emite aqueles feixes de luz para avisar os navios da existência de um ponto importante da costa.



O farol é concessão de um amigo da família do Miro. Um senhor esloveno, da marinha mercante, que se mudou na década de 80 para Angola e hoje trabalha para a capitania dos portos de Lobito. Ele conserva o farol e pode utilizá-lo como casa de fim de semana. A localização é belíssima, na entrada da baía de Lobito, de frente para a ponta da restinga (a versão lobitense da Ilha de Luanda).



Além das atrações turísticas: peixe maravilhoso, praias bonitas e área urbana colonial melhor preservada do q em Luanda, a viagem foi bacana porque foi a primeira vez em q pudemos conviver mais intimamente com angolanos, em particular com uma família angolana. É triste vir para um país e só ficar amigo de estrangeiros.

E, na volta, pra completar bem o feriadão, ainda fomos ao cinema! Sim, no Belas Shopping, o primeiro shopping center de Luanda, inaugurado há poucas semanas, construido pela Odebrecht. Cinemão, multiplex, som dolby maravilhoso! E com filmes atuais. O engraçado é q o pessoal ainda não tá muito acostumado a cinema, então falam pra caramba, principalmente quando tem cena de sexo.

E ainda aproveitamos pra fazer compras no Shoprite, um supermercado sul-africano, e pra cortar o cabelo no Werner. Sim, o Werner do Rio, q agora tem filial aqui.

Enfim, de vez em quando, dá pra dar uma relaxada.