Saturday, September 16, 2006

A semana em que achei um apartamento?

Acho que posso ter achado um lugar pra morar. Um corretor me levou pra ver um apartamento de dois quartos na Marginal, que é a avenida ao longo da baía de Luanda. O apê pertence a um funcionário angolano da Embaixada da Alemanha. Parece q, no passado, alguns apartamentos do prédio eram ocupados por diplomatas alemães. Quando a embaixada resolveu desocupá-los, esse funcionário angolano pediu pra ficar morando num deles. Como o registro de propriedade daqui simplesmente não existe... O apartamento tem dois quartos, uma sala muito boa, vista pra baía, mas só um banheiro e uma cozinha muito pequenininha. E não tem garagem. A grande vantagem é que ele é super central. Fica a 10 minutos de carro da nossa embaixada e a um quarteirão de um dos principais supermercados de Luanda. Ele precisa de uma boa pintura e de armários. Ah, e é de segundo andar. Num edifício sem elevador, evidentemente.

No dia seguinte, fui ver uma casa na Praia do Bispo. A casa é muito mais confortável e está toda reformadinha, mas, apesar de não ficar propriamente longe, fica numa região onde não se pode andar a pé. Liguei pra Andreia, que está viajando a serviço pelo interior do Paraná e do Mato Grosso do Sul (vai fazer blitz nas estradas pra ver se pega agrotóxicos ilegais), e perguntei qual das duas situações ela preferia. Chegamos à conclusão de que preferíamos o apê.

Daí, no dia seguinte, voltei no apê com um cara que é o responsável pela manutenção da infra-estrutura física de uma cadeia de restaurantes brasileiros e que, por isso, tem a manha de fazer obra em Luanda. Ele deu umas idéias bem legais sobre o que fazer pra melhorar o apê e disse que voltaria lá no dia seguinte com um pintor, um marceneiro e um técnico em ar condicionados pra fazerem um orçamento de quanto sairia pra deixar o apê nos trinques. O orçamento não pode ser muito alto pq o dono do apartamento vai ter de topar tirar a grana dos US$ 72 mil que o MRE vai dar pelo meu contrato anual de aluguel. Ou então eu vou ter de tirar algo do meu próprio bolso, o que prefiro evitar, evidentemente. Pelo menos, o proprietário parece ser uma boa pessoa, além disso, o fato de que trabalha há muitos anos na embaixada da Alemanha me tranqüiliza bastante tb.

O fato de o apartamento ser na Marginal é legal tb pq vou poder correr no calçadão. Daí gostaria de me matricular no Clube Náutico, que fica no comecinho da Ilha, pra poder nadar lá. Assim, poderia correr até o clube, nadar lá e voltar correndo pra casa. Vou terminar triatleta! Aliás, tenho de voltar logo a fazer exercício pq minhas costas estão me matando e pq estou engordando.

Por falar em engordar, hoje de tarde vai ter feijoada na casa do diretor da Odebrecht Angola. Ele ligou pessoalmente pra convidar. Estou curioso pra ir, entre outros motivos, pq ele mora em Luanda Sul, o bairro que a O. construiu e que eu ainda não conheci.

Este finde eu quase viajei. A Patrícia foi pro Malange, uma província ao norte de Luanda, com o grupo de amigos surfistas dela. Mas tinha gente demais pra pouco carro. Tentei convencer a Carmen, uma equatoriana super gente boa de uma ONG de segurança alimentar, a ir, mas ela tampouco conseguiu um carro. Aliás, eu ainda não comprei um pq ainda não tenho a carteira de motorista daqui. Pra tirar, estava dependendo de ter a identidade diplomática, que só chegou na quinta. Agora, já dei entrada.

Aliás, a Patrícia e o Moniz, motorista da embaixada, me convenceram de que o melhor carro pra ter aqui é um Toyota Rav4. É um jipinho de madame desses. É importante ser Toyota pq é a marca cujas peças de reposição são as mais fáceis de encontrar. Além disso, o carro é fácil de vender. Tem uns que vem de segunda mão da Europa. Quando tiver minha carteira de motorista, vou sair pra procurar um. O dindin já tenho, o da ajuda de custo.

OK, cansei. Este finde vai ter mais posts, acho, pq é feriadão. Amanhã, é aniversário de Agostinho Neto, portanto, Dia do Herói Nacional. Como cai no domingo e a rapaziada não pode ficar sem um feriado, na segunda, ninguém trabalha. Bom, fds pra vcs!

Sunday, September 10, 2006

Domingão de bobs em Luanda

Ia rolar uma praia hoje, mas não sei pq a Patricia não ligou. Não sei se contei pra vcs, mas no show do Zeca Baleiro encontrei uma conhecida, uma advogada q foi minha chefe num estágio q fiz durante a faculdade numa ONG de direitos humanos chamada CEJIL. Ela está aqui trabalhando numa outra ONG chamada Open Society, mas já está de mudança para Joanesburgo. Eu a convidei pra ir ontem ao baile de encerramento da Semana do Brasil, organizada pela associação de empresários brasileiros em Angola (Aebran) em homenagem ao 7 de Setembro. Daí combinamos de ir à praia hoje, uma praia fora da cidade pq as daqui são meio sujas, com uns amigos dela que ela queria me apresentar pra eu começar a fazer uns amigos fora do circuito. Mas aparentemente deu chabu, até pq estou sem celular desde ontem.

Meu celular vem dando problemas desde q cheguei... Funciona, mas vive saindo de área. Ontem, almocei com a Patricia, o Afonso e um amigo sueco que trabalha na Ericsson. Quando contei que na Guiné-Bissau meu cel não tinha funcionado, ele me explicou que meu celular não funciona em 900MHz, só em 1800, que é uma tecnologia mais recente. Como a maioria das células em Luanda funcionam com 900, meu telefone fica saindo do ar... Vou ter de comprar um outro. Só que, pra descobrir isso, ele desligou o meu telefone e eu agora não tenho o PIN pra ligar, só na Embaixada. Estou sem telefone e sem agenda... Mas tá bom, estou curtindo ficar de bobeira no hotel, terminando de ler meu livro "A history of postcolonial lusophone Africa". Muito interessante, por sinal. Acabei de almoçar e mais tarde vou dar uma passeada no calçadão.
Está sendo ótimo descansar depois da correria da semana do Brasil.

Aliás, estou impressionadíssimo com a organização da Aebran. A semana do Brasil foi do cacete, duvido muito que haja outra capital que comemore tanto o 7 de Setembro como Luanda e, certamente, aqui não há outro país que tenha tanta projeção quanto nós. Uma pesquisa de opinião entre luandenses revelou que o Brasil é o país preferido deles e o segundo melhor pra fazer negócios. Depois da China, é claro. O melhor da Semana foi que pude curtir bastante os eventos. Praticamente só tive de escrever os discursos do embaixador e aparecer pra fazer social. Aliás, o discurso de ontem fez sucesso, foi interrompido por aplausos e tudo. Acho que o embaixador ficou contente.

O baile ontem foi esquema super-produção. É, de fato, há três anos, um dos mais concorridos eventos sociais da cidade. Ontem, a "família presidencial" angolana foi representada por uma filha e um filho do José Eduardo dos Santos. Rolou num antigo cinema, chamado Tropical, um cinemão daqueles antigos, enoooooooooooooooormes, que foi transformado em casa de festas e espetáculos. Teve discursos, jantar (lagostas em quantidades industriais), shows do Olodum e de uma banda tradicional local, a Maravilha, e, pra terminar, discoteca. Foi tudo organizado pela Aebran, que vendeu convites para financiar o evento. O grosso foi comprado pela Odebrecht e pela Petrobrás, é claro. Uns 60 ingressos foram doados à embaixada para que pudéssemos convidar autoridades. O Ministro do Interior foi.

Cumpridas as obrigações diplomáticas, dancei bastante: quizomba, semba e outros ritmos locais, cujos nomes agora esqueci, além do nosso samba, salsa e merengue. Uma mistureba afro-latinoamericana muito legal.

Me impressionou muito conhecer alguns engenheiros brasileiros da Odebrecht que pareciam ter 25 anos e estavam tocando obras enormes, tipo um shopping center inteiro. Fico sempre muito impressionado como Angola é um mundo de oportunidade pra gente qualificada. É um país com tudo pra se fazer e onde rola uma grana muito alta. Só é preciso ter os contatos certos e estômago pra aguentar o desconforto físico e social.

Uma coisa interessante que fuz esta semana foi representar o embaixador numa reunião convocada pelo diretor do PNUD em Luanda com representantes dos países doadores para discutir a política das agências da ONU em Angola. Várias questões interessantes foram levantadas, entre elas como convencer os nossos governos a continuar doando assistência técnica a Angola quando os caras estão nadando em dinheiro. Tipo, Angola é o país cujo PIB mais cresce no mundo, coisa de mais de 20% ao ano (tá certo q é irreal pq a única coisa que eles produzem é petróleo e o PIB reflete praticamente só o aumento do preço do petróleo e o aumento do número de poços em funcionamento). Um dos argumentos levantados, acho que pela embaixadora dos EUA, a favor da continuidade da assistência é q os angolanos são orgulhosíssimo (isso todo mundo diz) e morrem de medo do fracasso. Daí se a gente faz um projetinho piloto e mostra q alguma coisa pode funcionar, o governo se convence depois a botar grana na parada. Enfim, o trabalho aqui está realmente interessante. Só falta conseguir um lugar pra morar.

Por falar nisso, me disseram hoje que o mercado imobiliário vai ficar ainda pior. O governo está pedindo de volta uma série de imóveis que havia emprestado a organismos internacionais e embaixadas. Daí tem um monte de gringo entrando no mercado pra alugar... Tô fodido.
Bom domingo pra vcs!

Wednesday, September 06, 2006

10 dias

Oi, gente!

Hoje eu tô feliz. Acabei de chegar de um show do Zeca Baleiro que foi bem legal. O show faz parte da programação da comemoração do 7 de Setembro aqui em Luanda. São vários eventos ao longo de toda a semana, promovidos pela associação de empresários e executivos brasileiros em Angola: projeção de filmes, debates, shows do Zeca Baleiro e do Olodum, um recital de piano e um festival gastronômico. Esta noite, vai ter o coquetel oficial da data nacional, com recital de piano, e o embaixador vai ler um discurso que foi minha primeira encomenda.
Foi muito bom ter ido ao show agora há pouco pq tá um saco essa coisa de ir só da embaixada pro hotel e do hotel pra embaixada. A única outra coisa que fiz até agora foi jogar peteca na praia. Aí, jogar peteca é divertido, parece vôlei, mas é peteca, sacou?

Ah, outra coisa que fiz fora do circuitinho foi ir anteontem dar uma palestra na faculdade de direito da universidade agostinho neto (a pública daqui) sobre o sistema eleitoral brasileiro. Eles estão super interessados pq nunca passaram pelo processo todo. A única eleição que se realizou aqui foi em 1992 e o cara que perdeu resolveu melar o jogo, morreu gente pra caralho. Daí fui lá, a convite da associação de alunos, expliquei o melhor que pude a nossa bagunça, mensalão inclusive que eles estavam curiosíssimos para entender. A comédia é que eles são super bacharelescos, igualzinho os portugueses, tipo Lauro, saca? Me chamaram de professor doutor e o cacete. O momento mais legal pra mim foi quando um garoto explicou o sistema eleitoral (?) angolano e daí teve de tecer comentar sobre a anomalia do presidente que eles têm que nunca foi eleito. O garoto criticou essa situação, mas dava pra notar a tensão na sala e o nervosismo do menino...

Gente, outra coisa, o mercado imobiliário daqui é absolutamente surreal. Tô morando no hotel e esperando pra ver se acontece um milagre. Tinha uma casa q a embaixada alugava havia muitos anos, justo ao lado, mas um conselheiro i resolveu preferir morar em outro lugar e foi preciso devolver a casa se eu estivesse em ny com essa grana, me dava bem, mas aqui só me levaram pra ver moquifo mas é uma porrada de corretor diferente que tá me atendendo, teria de ser um complô de todos eles pra início de conversa eu to competindo com as companhias de petróleo, coisa pequena, tipo chevron, elf, total, exon etc...gente q não tem exatamente muita restrição orçamentáriadepois, há 40 anos não se investe na manutenção dos imóveis de luandaa cidade foi projetada pra 300 mil pessoas e moram 5 milhõesdepois que os portugueses foram embora, os angolanos sem teto invadiram tudo e transformaram tudo em cortiçospra piorar, o trânsito daqui é uma coisa dantesca, nunca vi maluquice maior, leva-se uma hora e meia pra percorrer um trecho de 12 kmisso restringe muito o raio em volta da embaixada onde posso morar