Sunday, September 10, 2006

Domingão de bobs em Luanda

Ia rolar uma praia hoje, mas não sei pq a Patricia não ligou. Não sei se contei pra vcs, mas no show do Zeca Baleiro encontrei uma conhecida, uma advogada q foi minha chefe num estágio q fiz durante a faculdade numa ONG de direitos humanos chamada CEJIL. Ela está aqui trabalhando numa outra ONG chamada Open Society, mas já está de mudança para Joanesburgo. Eu a convidei pra ir ontem ao baile de encerramento da Semana do Brasil, organizada pela associação de empresários brasileiros em Angola (Aebran) em homenagem ao 7 de Setembro. Daí combinamos de ir à praia hoje, uma praia fora da cidade pq as daqui são meio sujas, com uns amigos dela que ela queria me apresentar pra eu começar a fazer uns amigos fora do circuito. Mas aparentemente deu chabu, até pq estou sem celular desde ontem.

Meu celular vem dando problemas desde q cheguei... Funciona, mas vive saindo de área. Ontem, almocei com a Patricia, o Afonso e um amigo sueco que trabalha na Ericsson. Quando contei que na Guiné-Bissau meu cel não tinha funcionado, ele me explicou que meu celular não funciona em 900MHz, só em 1800, que é uma tecnologia mais recente. Como a maioria das células em Luanda funcionam com 900, meu telefone fica saindo do ar... Vou ter de comprar um outro. Só que, pra descobrir isso, ele desligou o meu telefone e eu agora não tenho o PIN pra ligar, só na Embaixada. Estou sem telefone e sem agenda... Mas tá bom, estou curtindo ficar de bobeira no hotel, terminando de ler meu livro "A history of postcolonial lusophone Africa". Muito interessante, por sinal. Acabei de almoçar e mais tarde vou dar uma passeada no calçadão.
Está sendo ótimo descansar depois da correria da semana do Brasil.

Aliás, estou impressionadíssimo com a organização da Aebran. A semana do Brasil foi do cacete, duvido muito que haja outra capital que comemore tanto o 7 de Setembro como Luanda e, certamente, aqui não há outro país que tenha tanta projeção quanto nós. Uma pesquisa de opinião entre luandenses revelou que o Brasil é o país preferido deles e o segundo melhor pra fazer negócios. Depois da China, é claro. O melhor da Semana foi que pude curtir bastante os eventos. Praticamente só tive de escrever os discursos do embaixador e aparecer pra fazer social. Aliás, o discurso de ontem fez sucesso, foi interrompido por aplausos e tudo. Acho que o embaixador ficou contente.

O baile ontem foi esquema super-produção. É, de fato, há três anos, um dos mais concorridos eventos sociais da cidade. Ontem, a "família presidencial" angolana foi representada por uma filha e um filho do José Eduardo dos Santos. Rolou num antigo cinema, chamado Tropical, um cinemão daqueles antigos, enoooooooooooooooormes, que foi transformado em casa de festas e espetáculos. Teve discursos, jantar (lagostas em quantidades industriais), shows do Olodum e de uma banda tradicional local, a Maravilha, e, pra terminar, discoteca. Foi tudo organizado pela Aebran, que vendeu convites para financiar o evento. O grosso foi comprado pela Odebrecht e pela Petrobrás, é claro. Uns 60 ingressos foram doados à embaixada para que pudéssemos convidar autoridades. O Ministro do Interior foi.

Cumpridas as obrigações diplomáticas, dancei bastante: quizomba, semba e outros ritmos locais, cujos nomes agora esqueci, além do nosso samba, salsa e merengue. Uma mistureba afro-latinoamericana muito legal.

Me impressionou muito conhecer alguns engenheiros brasileiros da Odebrecht que pareciam ter 25 anos e estavam tocando obras enormes, tipo um shopping center inteiro. Fico sempre muito impressionado como Angola é um mundo de oportunidade pra gente qualificada. É um país com tudo pra se fazer e onde rola uma grana muito alta. Só é preciso ter os contatos certos e estômago pra aguentar o desconforto físico e social.

Uma coisa interessante que fuz esta semana foi representar o embaixador numa reunião convocada pelo diretor do PNUD em Luanda com representantes dos países doadores para discutir a política das agências da ONU em Angola. Várias questões interessantes foram levantadas, entre elas como convencer os nossos governos a continuar doando assistência técnica a Angola quando os caras estão nadando em dinheiro. Tipo, Angola é o país cujo PIB mais cresce no mundo, coisa de mais de 20% ao ano (tá certo q é irreal pq a única coisa que eles produzem é petróleo e o PIB reflete praticamente só o aumento do preço do petróleo e o aumento do número de poços em funcionamento). Um dos argumentos levantados, acho que pela embaixadora dos EUA, a favor da continuidade da assistência é q os angolanos são orgulhosíssimo (isso todo mundo diz) e morrem de medo do fracasso. Daí se a gente faz um projetinho piloto e mostra q alguma coisa pode funcionar, o governo se convence depois a botar grana na parada. Enfim, o trabalho aqui está realmente interessante. Só falta conseguir um lugar pra morar.

Por falar nisso, me disseram hoje que o mercado imobiliário vai ficar ainda pior. O governo está pedindo de volta uma série de imóveis que havia emprestado a organismos internacionais e embaixadas. Daí tem um monte de gringo entrando no mercado pra alugar... Tô fodido.
Bom domingo pra vcs!

1 comment:

Aguinaldo said...

Holá,boa tarde,recebi uma proposta para trabalhar nas Escolas Politécnicas de Luanda,Benguela e outras províncias. Quero ter informações sobre o projeto Aldeia do Sol (vinculado ao Ministério da Educação e ao brasileiro que veículando esses profissionais para o governo Angolano Raimundo Lima).
Necessito dessas informações o mais rápido possível!
Atenciosamente.
Aguinaldo.