Saturday, December 16, 2006

Bem acompanhado

Andreia chegou pouco mais de um mês atrás. Estava muito difícil a distância. As três primeiras semanas foram difíceis, mas depois a gente teve uns papos legais e agora estamos numa ótima. Quer dizer, numa ótima entre nós dois, porque a vida segue difícil sem a nossa casinha. A reforma do apartamento que alugamos ainda não terminou e o nosso conteiner está preso no porto há quase três meses. Enquanto isso, Santo Afonso continua nos hospedando numa boa, mas já está ficando desconfortável tanto pra ele quanto pra nós. De qualquer forma, ele sai de férias no dia 21, já vai se ver livre da gente.

A chegada da Andreia gerou várias externalidades positivas, mas queria ressaltar a de que fiquei mais à vontade para caminhar na rua. Ela é muito desassobrada com essas coisas, eu também geralmente sou. Aqui, no entanto, todo mundo me apavora constantemente. Ela saiu por aí caminhando, e não aconteceu nada. Ela vai ao comércio, vai fiscalizar as obras no apartamento... Segundo ela, nunca ninguém sequer lhe disse algo agressivo. Isso me deixou bem mais feliz com a cidade.

A gente almoça todos os dias juntos. Eu saio da embaixada às 13h, venho para a casa do Afonso, nós almoçamos, descansamos um pouco, e eu volto pro trabalho. Sempre que posso, depois do trabalho, tenho ido nadar e fazer sauna no campo sueco pra tratar das minhas dores nas costas. Nos fins de semana, é que às vezes nado na praia em vez disso.

Hoje mesmo foi uma delícia. Superando nossa preguiça matinal, conseguimos chegar na praia às 10h30. Não tinha ninguém porque angolano só vai pra praia depois das 14h. A água estava ótima: geladinha e transparente. Nadei à beça. Fiquei também lendo um depoimento interessantíssimo do embaixador Ovídeo Melo sobre o reconhecimento da independência de Angola pelo Brasil, que, aliás, é um trunfo imensurável pra nosso diplomacia aqui: é praticamente impossível conversar oficialmente com qualquer autoridade sem que se comece com a ladainha sobre a nossa amizade e sobre esse importante ato do Brasil de Geisel.

Outra fator importantíssimo para as nossa relações é a Odebrecht. Há pouco mais de uma semana, Andreia e eu fomos à festa de fim de ano da empresa. Teve show da Beth Carvalho e tudo. Na mesa principal, o presidente da Odebrecht Angola recebeu, nada mais nada menos, que cinco ministros de Estado angolanos (Vice-Primeiro Ministro, Relações Exteriores, Transportes, Educação e Meio Ambiente), além do presidente do Supremo. Realmente impressionante.

Nós estávamos lindos e glamurosos na festa, mas Luanda não faz por menos. Ao acordarmos no dia seguinte, vimos que havia acabado o diesel no gerador do Afonso (aqui todo apartamento que se prese tem gerador e boa d'água próprios). O resultado: começamos o dia nos cagando todos de diesel e fuligem. Nada melhor para lembrar onde estamos e quem somos.

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